Maio/2025 Psicologia/Insônia
Dormir bem e a sua Personalidade
Estudo da USP constatou que a personalidade influencia o sono
Insônia: Diagnóstico e Processo de Cura
Já tratamos do tema “Dormir Bem e Ansiedade Noturna” em nosso Informe de Maio/2021. Ao ler o Estudo desenvolvido pela Universidade de São Paulo, resolvemos compartilhá-lo aqui, como um complemento ao que já foi abordado e é base para nossa prática clínica.
Incluímos também uma referência ao Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, cuja base de dados coletados junto a 64.000 jovens foram utilizados no estudo da USP sobre o Jet Lag Social.
Uma boa noite de sono é fundamental para uma vida saudável. Ela revigora e proporciona mais vitalidade, colaborando para que tenhamos um dia vigoroso, alegre e prazeroso.
A associação da qualidade do sono à personalidade foi o objeto de estudo da pesquisa da USP.
“A associação entre traços de personalidade, ansiedade e insônia traz a importância do desenvolvimento de [um processo de cura] ... para tratar um conjunto de dificuldades emocionais que compartilham processos e mecanismos subjacentes às diferentes queixas [relacionadas à insônia]”, Bárbara Araújo Conway, Psicóloga do Sono
Estima-se que cerca de 30% da população mundial sofra com insônia; na capital paulista, são 45%.
A personalidade influencia no sono?
(recortes, edições, adições e citações do Estudo: “A personalidade influcencia o sono?”)
O estudo realizado na Universidade de São Paulo (USP) investigou a influência dos traços de personalidade no desenvolvimento e na perpetuação da insônia e constatou que há uma relação direta entre as duas coisas.
“Decidimos estudar a influência dos traços de personalidade sobre a insônia por se tratar de um transtorno extremamente prevalente e que traz impactos negativos para a saúde, como maior risco de hipertensão, diabete, ansiedade e depressão”
Bárbara Araújo Conway, Psicóloga do sono e autora da dissertação de mestrado sobre personalidade e insônia
Dois achados chamaram a atenção: (1) altos índices de Abertura a Novas Experiências foram associados a baixos índices de insônia, enquanto (2) o alto nível de instabilidade emocional apareceu significativamente em pessoas com o distúrbio de sono.
Estes achados estimularam a decisão de estudar a influência dos traços de personalidade sobre a insônia.
A insônia está associada a impactos negativos para a saúde, como maior risco de hipertensão, diabete, ansiedade e depressão.
A insônia é um dos distúrbios do sono mais prevalentes nos adultos. Estima-se que cerca de 30% da população mundial sofra com o problema, caracterizado pela dificuldade de adormecer, de permanecer dormindo ou de voltar a dormir após um despertar indesejado.
No Brasil, especificamente em São Paulo, esse número é ainda maior: quase metade dos paulistanos (45%) reclama de insônia, segundo dados do Estudo Epidemiológico do Sono (Episono).
De acordo com Conway, há uma teoria bem estabelecida na literatura científica que propõe a existência dos “3 Ps” da insônia:
Predisposição: fatores que tornam um indivíduo mais propenso a ter o distúrbio;
Precipitação: gatilhos associados ao surgimento dos sintomas e
Perpetuação: comportamentos que fazem com que a pessoa se mantenha no ciclo vicioso da insônia.
Mais de 80% dos adolescentes têm rotina de sono desregulada, diz estudo da UFRGS
O Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA) é um dos maiores estudos sobre a saúde de adolescentes no Brasil, com a participação de mais de 70 mil jovens, entre 12 e 17 anos, de todas as regiões do país.
Elaborado em 2008 e com a coleta de dados realizada entre 2013 e 2014, o projeto se consolidou como uma fonte rica e confiável de informações sobre os fatores de risco cardiovascular na adolescência.
“Os adolescentes tendem a dormir mais tarde e acordar mais tarde nos dias de folga, compensando a privação de sono da semana, e esse desalinhamento pode trazer impactos negativos para a saúde”
Beatriz D’Agord Schaan
O jet lag social gera um descompasso entre o relógio biológico e as obrigações sociais do indivíduo, como horários escolares ou de trabalho. Diferente da insônia, na qual a pessoa não consegue dormir, quem sofre com o jet lag sente sono, mas no horário errado.
Ao considerar os Tipos de Personalidade, os pesquisadores utilizaram o Modelo Big 5, já citado em nossos informes.
Segundo a teoria Big Five, toda pessoa tem diferentes níveis dos cinco traços de personalidade. São eles:
Extroversão
Pessoas com nível de extroversão mais alto tendem a ser mais falantes, mais dominantes, com perfil de liderança. Preferem atividades em grupo, têm maior facilidade de se relacionar, de criar intimidade e costumam ser mais assertivas. Já as pessoas com baixo nível de extroversão não são necessariamente introvertidas, mas preferem ficar mais sozinhas e costumam ter mais dificuldades em trabalhar com grupos.
Neuroticismo
É um traço de personalidade relacionado ao grau de estabilidade emocional. Pessoas com alto índice de neuroticismo costumam ser mais instáveis emocionalmente e tendem a focar em aspectos mais negativos da vida. São pessoas que, diante de uma adversidade, tendem a se desorganizar e sofrer mais intensamente, sendo mais suscetíveis ao estresse. A literatura científica aponta que um alto índice de neuroticismo tem uma correlação com ansiedade e depressão.
Amabilidade
É um traço de personalidade relacionado à empatia. Pessoas com altos índices de amabilidade tendem a ser mais empáticas, mais cordiais e preocupadas com o bem-estar alheio, focando muito na situação do outro (podendo até ser ingênuas e valorizarem o outro em detrimento de si próprias). Aquelas com baixos índices costumam ser mais céticas e mais desconfiadas.
Abertura a novas experiências:
As pessoas abertas a novas experiências tendem a ser mais criativas e apresentam comportamento exploratório diante da novidade. Têm interesse pelo novo, são pessoas curiosas, imaginativas e que vivenciam as emoções de forma mais intensa. As pessoas com baixos índices de abertura são aquelas que preferem a rotina, evitam o desconforto e tendem a ser convencionais.
Conscienciosidade:
Também pode ser chamada de realização. Pessoas com altos índices são determinadas, comprometidas, motivadas, perseverantes e podem sacrificar prazeres momentâneos em busca de um objetivo maior. Um índice muito alto pode não ser bom, porque pode levar ao perfeccionismo. Aquelas com baixos índices são menos exigentes e menos obstinadas.
Constatações do Estudo da USP
Constatou-se que os pacientes com insônia têm índice muito mais alto de neuroticismo do que os sem insônia, além de apresentarem índices mais baixos de amabilidade, de abertura e de conscienciosidade.
Extroversão foi o único traço de personalidade que não apresentou diferença significativa. “Neuroticismo foi o traço que mais se destacou. Os insones possuem índice bem mais alto de Neuroticidade, mas não podemos afirmar que eles são mais introvertidos”, pondera Conway.
Efeitos do Estudo na Prática
Precisamos de um processo de Cura baseado em Transdiagnóstico de Ansiedade e compreensão dos Traços de Personalidade
Os resultados do estudo apontam que o processo de cura da insônia de um paciente precisa também investigar e tratar a sua ansiedade. Para isso é preciso compreender e avaliar a personalidade dos pacientes que buscam ajuda quando têm problemas no sono.
“Sabemos que a maioria dos insones tem alto índice de neuroticismo. Esses pacientes merecem investigar e tratar sua ansiedade para que a insônia também melhore. Por vezes isso envolve terapias e medicações diferentes, por isso é importante ter um olhar mais amplo para a história e especificidade de cada indivíduo”, frisa Conway.
“A associação entre traços de personalidade, ansiedade e insônia traz a importância do desenvolvimento de tratamento transdiagnóstico, isto é, que envolva a integração de técnicas e processos comportamentais para tratar um conjunto de dificuldades emocionais que compartilham processos e mecanismos subjacentes às diferentes queixas”, pontua Conway.
E nas Sessões de Psicoterapia ...
A insônia é um tema trazido por muitos pacientes.
Já citamos as principais queixas no Informe de Maio/21:
“Não tenho dormido bem”
“Ando muito cansado. vou dormir tarde, e mesmo assim o sono não vem.”
“Basta deitar e começo a pensar nos problemas, no que não está dando certo. Aí, fico horas rolando na cama. Quando pego no sono, já é quase hora de acordar para o trabalho.”
“Não consigo dormir sem a televisão ligada ou ver as novidades e mensagens das redes sociais.”
“A medicação do psiquiatra funcionou bem por um tempo, mas agora não está me ajudando.”
A Bioenergética nos ensina que devemos ter Consciência Corporal: ouvir e priorizar as necessidades do nosso corpo. O corpo pede repouso, um bom e regular período de sono. Para isso sugere a prática de exercícios leves, respiração aprofundada e grounding. Os pacientes que praticam estes exercícios relatam que eles fazem bem ao corpo e ao aparelho psíquico, proporcionando sonos reparadores e revigorantes.
O Informe Dormir Bem e Ansiedade Noturna propõe o exercício: Adormecer tranquilamente e ter um bom período de sono - uma prática por intermédio de exercícios simples. Que tal experimentá-lo?
Referência bibliográfica:
A personalidade influencia no sono?
Estudo da USP constatou relação
Adolescentes têm rotina de sono desregulada
Estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul relata que "Mais de 80% dos adolescentes têm rotina de sono desregulada.
Os 5 principais traços de personalidade que influenciam nossas vidas
Transcrição da matéria de Dalia Ventura, publicada na BBC News Mundo.
Dormir Bem e Ansiedade Noturna
Respiração aprofundada e exercícios simples podem ajudar
Informe de Maio/2021
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